História enviada por: Antônio (Tonho) 46 anos -São Paulo
Ah, meu amigo, senta que lá vem história! Eu sou o Tonho, caminhoneiro de São Paulo, e vou te contar uma viagem que fiz até Belém do Pará. Tudo começou quando recebi uma carga pra entregar lá no norte do país, e no rádio do meu caminhão, começou a tocar uma música que parecia narrar exatamente o que eu tava vivendo.
Deu um arroxo no peito quando peguei a estrada, e São Paulo ficou pequena, abafada demais. Peguei a Via Anhanguera, e a coisa só piorava. Campinas, meu chapa, era de dar dó. Mas seguindo a batida da música, fui levando, com a esperança de que a coisa melhorasse.
No trevo de Americana, eu já tava pensando: “Não vou aguentar.” Passei por Limeira, Araras, e o choro não parava. Parei em Leme, dei um alô à plateia imaginária, e foi lá em Pirassununga que tive uma ideia: “Vou dar uma parada em Ribeirão, tomar um chopp gelado.”
A música seguia na minha cabeça enquanto eu rodava por Franca, comprei uma bota invocada lá mesmo. E na festa de Barretos, meu amigo, cheguei mais apaixonado que nunca. A saudade já era um prego, o coração um martelo, ferindo o peito e doendo na alma, como dizia a música.
De Uberaba à Uberlândia, eu contemplava a beleza do caminho, dando uns tapas na saudade e ouvindo moda sertaneja no rádio. Passei por Araguari, cidade que era prova do meu pranto, e fui curar minha ressaca nas águas de Caldas Novas, como se fosse parte da letra da música.
Nesse mundão sem fim, o coração ficava doente, pensando na lua de mel, na pousada do Rio Quente. E no trevo de Morrinhos, eu chorava igual criança, com a esperança de te encontrar lá em Goiânia. Mas se não rolasse, bem cedo, eu seguiria, com destino à Belém, até o fim do mundo, pra encontrar meu bem.
E assim, meu amigo, essa viagem se misturou com a melodia da música, como se cada cidade, cada momento, fosse uma estrofe da minha própria canção. A saudade continuava como um prego, o coração um martelo, mas a estrada seguia, e eu lá, cantando a minha própria história.